A realidade é uma alucinação controlada e afetiva

Nira Bessler
2 min readFeb 7, 2022

Uma maçã crocante e docinha. Sentiu alguma coisa quando leu estas palavras? Agora imagina que na hora de morder uma maçã de fato ela está salgada. Você levaria um susto, teria um baita estranhamento.

Por que isso acontece? Alguns neurocientistas afirmam que é porque seu cérebro atua de modo preditivo no mundo e não reativo.

Quando mordemos uma maçã sentimos o sabor não apenas dela, mas de todas as maçãs que já comemos.

Como assim?

Se atuamos no mundo de modo preditivo, o que permite prever nossas ações?

De um lado, o contexto, as informações que recebemos do mundo a partir dos sentidos.

De outro lado, nossas experiências passadas.

Experimentamos a realidade como uma combinação destas duas coisas: informações do mundo externo e de experiência passadas.

E alguns neurocientistas afirmam que usamos mais a construção interna da realidade do que os dados do mundo naquele determinado momento.

Por isso, afirmam que a realidade é uma alucinação controlada.

Pois bem, segurem essa informação: vivenciamos uma alucinação controlada construída com nossas vivências anteriores.

Agora, pense o seguinte, nossas memórias são todas afetivas. Nosso cérebro não separa o que é racional e o que é emocional. Quando aprendemos e construímos nossos conceitos, eles não estão no cérebro separados dos sentimentos em um compartimento distinto.

Isso significa que vivenciamos a realidade, que, em grande parte é nosso passado, de modo afetivo o tempo todo.

Quando manuseamos ou lemos um livro, não se trata apenas de um objeto cuja definição está no dicionário. Se trata de uma construção que se deu ao longo de toda a nossa vida do que é um livro, incluindo contextos e sentimentos. Uma construção que deu pela identificação de padrões — inclusive se como nosso corpo atuava ao entrar em contato com um livro.

Em resumo, estou falando de 2 conceitos complementares: temos um cérebro preditivo que usa o passado para “enxergar” a realidade + a forma como construímos essas memórias e conceitos é sempre afetiva.

Assim, não há como separar razão e emoção. Nem dá para imaginar que aprender possa se dar fora do contexto afetivo, porque isso simplesmente não existe em seres humanos. Nossa natureza é afetiva.

--

--