Como você aprendeu o que é uma flor? Ou um livro? Ou um feedback?

Nira Bessler
2 min readMar 15, 2022
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Como você aprendeu o que é uma flor? A cada contato e experiência com a palavra “flor”, você foi identificando padrões. Estes padrões foram construindo o que é uma flor para você.

Como você aprendeu o que é um livro? Da mesma forma.

Como você aprendeu o que é um feedback? Da mesma forma.

Você não aprendeu nada disso apenas lendo um dicionário. Na maioria das vezes, sequer consultou um.

Foram suas vivências que construíram sentido para todas as palavras e conceitos que você conhece.

Vivências de todo tipo: em primeira mão, por meio de histórias contadas, de filmes, livros, fotos, desenhos etc. etc. etc.

E todas essas experiências estão sempre acompanhadas de contextos e sentimentos, em que prevalecem alguns padrões.

Seu corpo não desliga quando você aprende. Você não para de sentir. O sentimento acompanha os padrões encontrados que dão sentido às palavras.

Portanto, todas as nossas palavras e conceitos carregam afetividades e nossas histórias.

Quando vivemos em culturas ou contextos parecidos, provavelmente teremos construções similares para palavras e conceitos, o que facilita a comunicação.

Mas se viemos de lugares ou contextos muito diferentes, é possível que a mesma palavra carregue sentidos diferentes.

Uma flor não é a mesma coisa para todo mundo. Um livro não é a mesma coisa para todo mundo. Um feedback não é a mesma coisa para todo mundo (!).

Sempre há algum grau de subjetividade, porque nossas histórias são inevitavelmente únicas.

Isso tem impacto enorme quando pensamos no processo de aprendizagem formal, na educação.

Um engenheiro dar um curso de riscos para um operário sem escutar ativamente pode gerar um grande ruído de comunicação. O que significa riscos para um ou para outro?

Ou: oferecer treinamento sobre feedback para quem só teve experiências negativas (diretas ou indiretas) com ele, tem muita chance de dar errado.

O contexto afetivo precisa ser conhecido e trabalhado na aprendizagem de adultos também. E quando falo em afeto não falo apenas da relação entre pessoas, mas também nossas relações com palavras e conceitos.

A aprendizagem se dá no contexto afetivo porque nossa natureza é afetiva.

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