Curso obrigatório e interessante: é possível?

Nira Bessler
3 min readJan 13, 2020

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Prevenção de Lavagem de Dinheiro. Este tema parece interessante para você?

Quem trabalha no mercado financeiro sabe: periodicamente, em geral uma vez por ano, todos os profissionais precisam fazer o curso “carinhosamente” conhecido como PLD.

É aquela tarefa que todo mundo quer fugir, o famigerado curso obrigatório. Precisa mesmo?, costumam perguntar para o Compliance ou o RH.

A verdade é que não dá para tirar a razão de quem questiona. Boa parte dos treinamentos sobre o assunto, especialmente aqueles a distância, são, com todas as letras e com louváveis exceções, chatos, desconectados da realidade e acabam ensinando muito pouco.

Mas será que precisa ser assim?

Por que fugimos dos cursos obrigatórios?

Pense bem: lavagem de dinheiro é um crime que ganhou as manchetes de todos os grandes veículos de comunicação e, nos últimos anos, se tornou um dos principais temas de conversas e discussões no país.

Então, se o assunto é claramente interessante e relevante, por que o curso não pode ser?

A resposta para essa disparidade está, muito provavelmente, na FORMA como ele é apresentado.

Foi pensando nisso que, quando estava à frente da área educacional da Associação Brasileira de Bancos, provoquei a equipe para realizar um curso diferente, em parceria com a professora conteudista.

Produzimos um curso que, até meados de 2019, foi concluído por mais de 6 mil profissionais e manteve índices de avaliação positiva altíssimos, de 97%. Além disso, recebemos comentários entusiasmados, o que não é muito comum para cursos obrigatórios. Em outras palavras, fomos muito bem sucedidos.

E o que fizemos de diferente? Algumas coisas. Principalmente, a estrutura narrativa.

Nosso curso usou personagens, mas não com aqueles diálogos que, simplesmente, colocam em balõezinhos textos acadêmicos e explicações abstratas e complexas.

Nós criamos um roteiro para o curso online, bem diferente do que seria uma aula expositiva presencial.

Ele parte do dilema de uma gerente de instituição financeira, cuja resposta vai se apresentando aos poucos, com humor e contexto.

Um exemplo: em vez de apresentar um conceito para depois explicar, fizemos o contrário; primeiro a situação, depois a explicação. Esta é uma das técnicas para manter a atenção e evitar perda de tempo.

O curso foi produzido com vídeos curtos em animação, porque este formato fazia sentido para o público-alvo. Mas cada curso é único e deve ser pensado para gerar uma experiência de aprendizagem que faça sentido e se conecte com o aluno.

Assim como filmes e séries usam recursos narrativos e se preocupam com a emoção para prender a atenção dos espectadores, cursos a distância também podem fazê-lo.

Claro que dá mais trabalho e consome mais tempo. Mas, se o objetivo é gerar uma real experiência de aprendizagem, precisamos ir além da reprodução de uma aula tradicional ou de uma série de telas enfadonhas.

O curso obrigatório não precisa ser obrigatoriamente chato.

*Nota: O curso ainda é oferecido no site da ABBC, mas não há um custo para acessá-lo

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Written by Nira Bessler

Lifelong learner. Apaixonada por aprendizagem.

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