EdTech Conference 2020 — Minhas primeiras impressões

Nira Bessler
4 min readFeb 12, 2020

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Sala de aula é coisa do passado.

Claro que esta frase é um exagero, mas, a depender de boa parte dos palestrantes da EdTech Conferece 2020, ela deveria se tornar uma realidade.

O evento aconteceu ontem, dia 11/02, e três pontos se destacaram em todas as palestras:

  1. A aprendizagem acontece em qualquer lugar a todo momento. Então, por que precisamos nos restringir à sala de aula?
  2. A tecnologia não é um fim e sim um meio. Ela com certeza influencia e modifica nossas estratégias de aprendizado, mas deve servir aos nossos objetivos
  3. As habilidades socioemocionais devem ser trabalhadas em todas as etapas do desenvolvimento humano, da infância até a vida adulta. Não que as questões cognitivas não sejam relevantes, mas elas se fortalecem a partir de questões socioemocionais

De alguma maneira, todas as apresentações envolveram a visão de que aprender é muito mais do que transmitir conteúdo numa sala de aula.

Neste artigo, vou passar bem rapidinho pelos primeiros palestrantes da manhã. Todos mostraram a que vieram! Vale a pena acompanhar seus trabalhos e segui-los nas redes sociais.

A primeira palestra do dia foi do Cristiano Kruel, da StartSe, organizadora do evento. Ele deu uma panorâmica sobre lifelong learning e as mudanças que as novas tecnologias trouxeram na nossa forma de aprender.

Em seguida, quem falou foi o Gino Terentim. Para mim, o ponto principal foi sua abordagem sobre comportamento. Ele citou uma frase de John P. Kotter:

“A questão central nunca é estratégia, estrutura, cultura ou sistemas. O cerne da questão é sempre mudar o comportamento das pessoas.”

E como é difícil mudar comportamento! Como consequência, gerar um aprendizado não é uma tarefa tão simples quanto despejar conteúdo sobre um assunto.

O comportamento é uma função da pessoa e seu ambiente, suas características pessoais e a situação que ela vive. Enfim, suas motivações, necessidades, vontades, desejos, envolvidos pela interação com o entorno.

Se vivemos em um ambiente VUCA (se você ainda não sabe o que é, dê um Google, é um acrônimo indispensável hoje), como gerar mudanças no comportamento das pessoas? Será que é numa sala de aula onde o professor fala e os alunos quietos escutam (ou divagam)? Ou em um vídeo que simula esta situação? Acho que não.

Outro ponto bem interessante da fala do Gino, e com o qual concordo 100%, foi: não deveríamos usar o termo “educação a distância”, afinal buscamos conexão. Ele propõe “educação digital”.

E aqui o insight mais relevante: a aprendizagem precisa se tornar invisível, estar no dia-a-dia das pessoas, dentro de suas jornadas. Mais do que uma tecnologia específica, o importante é fazer com que as peças da mudança estejam no cotidiano do aprendiz.

Depois dessa, vou passar para o próximo palestrante, Luciano Meira. Ele se concentrou em algumas grandes transformações da escola, que se resumem nos slide abaixo.

Em outras palavras: não precisamos aprender necessariamente em sala de aula.

  • colaboração pode gerar mais aprendizado do que exigir uma disciplina que às vezes é dolorosa (ser obrigado a ficar sentado numa cadeira por horas, ouvindo alguém falar, por exemplo)
  • experiências podem valer mais do que conteúdos e tópicos
  • relacionamento, para além da socialização (“Sucesso profissional/financeiro depende mais da qualidade das relações afetivas dos sujeitos do que sua inteligência — QI”)

Nem preciso dizer que quando ele falou sobre as relações afetivas me identifiquei totalmente.

Luciano também destacou a importância do desenvolvimento de habilidades socioemocionais, o grande tema da palestra seguinte, que, sem trocadilhos, foi emocionante. Se você ainda não conhece o Emilio Munaro, do Instituto Ayrton Senna, conheça!

Emilio começou compartilhando uma história pessoal muito dolorosa que ajuda a explicar sua trajetória e seu trabalho. Uma pessoa inspiradora.

Foi ele o responsável por jogar na nossa cara algumas realidades muito dolorosas do nosso país (slide abaixo). Lembrou que a alfabetização, a leitura, que deveria ser uma questão do século passado, continua sendo um problema presente em nossa sociedade.

E compartilhou também histórias de esperança, que são resultado de foco e trabalho dedicado. O Instituto Ayrton Senna aplica com escolas e professores metodologias para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos alunos. Emilio levou vídeos que mostraram como o autoconhecimento destas crianças é transformador!

Procurem saber mais sobre ele e sobre o trabalho do Instituto. Vale a pena!

Vou encerrar esta primeira parte aqui. O evento foi rico e interessante, então acho que vale mais do que um artigo. Até já!

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Nira Bessler
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Written by Nira Bessler

Lifelong learner. Apaixonada por aprendizagem.

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