Para aprender, é preciso se importar

Nira Bessler
3 min readJul 24, 2020
Photo by Timo Volz on Unsplash
Photo by Timo Volz on Unsplash

Sou apaixonada por aprendizagem! Amo aprender, compreender o processo e apoiar a aprendizagem de outras pessoas.

Nos últimos anos, minha curiosidade se direcionou para a relação entre aprendizagem e emoção. Quero compreender cada vez melhor esse processo e, assim, relacioná-lo com a vida real das organizações.

Como cheguei nisso? Minha experiência, minha história. Vivenciei a realidade da educação corporativa, comecei a me incomodar e questionar uma série de situações. Para mim, a forma como ocorriam alguns cursos não fazia sentido.

Essa realidade, aliada a um imenso interesse pelo processo de aprendizagem e desenvolvimento de adultos, me fez começar a consumir cursos, livros e pesquisas sobre o tema e testar novas soluções (aos poucos, fui descobrindo que estava longe de estar sozinha, há um grande movimento de pessoas refletindo sobre isso).

Mas o ponto que quero chegar é: existe sentimento envolvido neste meu interesse. Quando leio um livro, um artigo, assisto a um vídeo ou converso com alguém que me traz novas perspectivas meu coração acelera e, dependendo do nível do insight, dá até um friozinho na barriga. É sério!

Não é à toa que chamei de paixão.

Isso é uma forma de prontidão para aprender, um dos princípios da andragogia.

O que muita gente ainda não percebeu é que prontidão para aprender é um estado emocional e não um “gap de conhecimento”.

É claro que você não vai aprender somente aquilo que te apaixona. Mas um mínimo de conexão emocional é necessária.

Isso pode parecer um pouco óbvio, mas, na prática, a maioria dos cursos e soluções de aprendizagem não parece levar isso em conta.

Quando está pensando numa solução de aprendizagem, você investiga se o assunto que será abordado importa pro seu público? Você conhece seu público? Sabe como ele se sente em relação ao assunto que vai tratar?

Deveria. Porque talvez você precise desenvolver uma experiência que o conecte emocionalmente com seu tema antes de oferecer recursos e conteúdos para que ele aprenda.

Outro dia me deparei com este artigo, assinado por Mary Helen Immordino-Yang e António Damásio. E foi um daqueles momentos de coração acelerado. António é um dos maiores neurocientistas da atualidade. E Mary Helen é uma grande especialista em neuroeducação.

De uma forma relativamente simples, eles explicaram por que a emoção é tão importante para a educação.

Um dos motivos: só refletimos e pensamos profundamente sobre aquilo que nos importa, nos concerne. E existe uma razão evolutiva para isso.

O cérebro evita desperdício de energia. Então ele só se mobiliza e gasta oxigênio e energia naquilo que faz sentido. O cérebro sabe que alguma coisa é importante para nós quando nos emocionamos. É o sentimento que sinaliza o que é relevante.

Outro motivo: saber é diferente de sentir. Podemos decorar informações, mas se não houver um vínculo emocional não saberemos o que fazer com elas. É a emoção que guia o julgamento e ação. Ela é absolutamente necessária para a tomada de decisões. Então, para transferir um conhecimento teórico para a prática, também precisamos de emoções.

Estes insights são, portanto, fundamentais para refletirmos sobre o processo de aprendizagem e sobre a educação como conhecemos hoje.

Se queremos que a aprendizagem corporativa seja efetiva e eficiente, precisamos levar o contexto afetivo em consideração.

>>>> A melhor coisa que aconteceu depois que publiquei este texto foi a live linda que o Eduardo Valladares fez a respeito dele. Acessem e sigam o Edu: https://www.instagram.com/tv/CDCDniHpebn/?utm_source=ig_web_copy_link

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