Por que #LifelongLearning está na moda?
Lifelong learning está na moda.
E não digo isso com nenhuma intenção depreciativa. Adoro a expressão, que infelizmente ainda não tem um equivalente à altura em português. Inclusive uso na minha descrição profissional: me considero uma lifelong learner. Já me reinventei muitas vezes e minha paixão é aprender. Mas a minha questão aqui é outra: por que este termo está na moda?
Aprender ao longo da vida sempre foi importante de alguma maneira. Pelo menos no mundo moderno, se adaptar e conhecer novas tecnologias tinham sua relevância. Minha avó, no entanto, nunca aprendeu a usar o vídeo-cassete, o que causava algum transtorno (depender dos netos para ver um filme), mas nenhum problema mais grave.
No mundo corporativo, educação continuada não é um termo nada novo.
Aliás, a expressão lifelong learning já estava presente em organismos internacionais, como a Unesco e a OCDE, desde os anos 1970, como nos esclareceu Conrado Schlochauer em sua tese de doutorado.
Mas foi só nos últimos anos que ela ganhou força e relevância.
Em 2017, se tornou capa da revista The Economist (Lifelong learning is becoming an economic imperative). E por quê?
Simplesmente porque num mundo em que as transformações tecnológicas e sociais são tão rápidas não podemos mais nos dar ao luxo de parar de aprender.
Mais uma vez, o mundo VUCA
O mundo do trabalho está mudando a passos largos. Mesmo que você se mantenha no mesmo emprego, é preciso lidar não apenas com novas tecnologias, mas também com novas formas de se trabalhar, processos e perspectivas diferentes.
Por exemplo, para quem sempre atuou com gestão de projetos em cascata, trabalhar com Scrum ou outras metodologias ágeis envolve a famosa mudança de #mindset (que até já virou até piada, de tanto que se usa o jargão).
Só que o buraco é mais embaixo. Tecnologias disruptivas, especialmente ligadas a inteligência artificial e aprendizagem das máquinas, trazem um nível de Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade(o famoso VUCA) nunca antes experimentado pelo ser humano.
Algumas profissões, ou ao menos uma parte expressiva das atividades associadas a elas, tendem a ser substituídas por robôs. Não só em segmentos considerados repetitivos e mecânicos, mas mesmo aqueles teoricamente mais sofisticados, como medicina e advocacia.
E é muito provável que a criação de novos empregos não aconteça na mesma velocidade que sua destruição. Ou, se acontecer, estes empregos poderão exigir habilidades que a maioria de nós não está pronta a exercer.
Então, voltando ao nosso ponto, aprender ao longo da vida e talvez mesmo se reinventar, não é mais uma escolha, mas uma necessidade.
E o processo de aprendizagem nessa história?
Por isso, área de educação ganhou tanta força recentemente. E também por isso há muita gente pensando em como tornar o processo de aprendizagem mais rápido, eficiente e humano.
É preciso rever o modelo tradicional, adaptá-lo à natureza humana, levando em conta como nós aprendemos de verdade: com emoção e afetividade e não fazendo download de informações, como já comentei em outros textos.
O mundo corporativo não é uma exceção. As empresas precisam preparar as pessoas para atuarem em novas funções e de novas maneiras.
Às vezes, isso pode significar oferecer recursos em vez de cursos, eliminando a necessidade de aprendizado. Ou seja: avaliar quando realmente uma aprendizagem é necessária ou quando um aplicativo ou um checklist é mais adequado (saiba mais, aqui).
É claro que a questão mais profunda que deriva disso é: se, ao longo do tempo, esta velocidade de mudança se tornar literalmente insana, podemos nos deparar com problemas que ainda não têm solução.
Como disse Yuval Harari no excelente livro “21 lições para o século 21”:
“não sabemos se bilhões de pessoas serão capazes de se reinventar repetidamente sem perder o equilíbrio mental”.
De qualquer forma, enquanto não chegamos a este estágio, uma coisa é clara. Ter mindset de crescimento e estar aberto a aprender e reaprender ao longo da vida não é mais uma escolha, mas uma necessidade de sobrevivência no ambiente de trabalho.